Campo Grande (MS) – Escutar. Para a professora Ana Paula Lubas Garcia Mathias, esse é o segredo para conquistar os estudantes e ser, praticamente, uma “mãe” para eles. “Muitas vezes, os alunos não podem contar com a família, não têm amigos com quem conversar e assim nascem muitos problemas. Quando me dei conta disso comecei a me aproximar e pude perceber como é importante olhar com outros olhos. Aprendi que não podemos julgar, que temos que ouvir nossos alunos, com a consciência de que podem ter muitos problemas”, conta.
A professora teve sua primeira experiência em sala. Mas foi na Escola Estadual Santiago Benites, em Paranhos, no interior de Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com o Paraguai, que ela descobriu que ser professora era a realização de um sonho. “Foi uma escola que me ensinou muito, principalmente como ser uma boa professora e tive certeza de que era isso que eu queria fazer. Lá, conheci todo tipo de aluno. Sou muito grata a eles porque a cada dia, a cada experiência, a cada sala eu percebia a importância de observar meu aluno, demonstrar que ele é importante e tentar compreendê-lo, sem julgamentos”, explica Ana Paula.
A brincadeira na escola era que Ana Paula precisaria de um quartinho porque acabava passando mais tempo na escola do que em casa. “Percebi que formei um grupo que acabou se tornando meus filhos, tinham momentos que eu me sentia como uma galinha choca que defende seus pintinhos, eu estava sempre pronta para ajudar e brigar por eles se fosse preciso”, conta. Até que, por motivos pessoais, a professora trocou Paranhos pelo município de Bonito. “Chorei muito e nem consegui me despedir pessoalmente de meus alunos. Hoje, sou muito feliz na minha nova casa, a Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes”.

Ana Paula (de laranja), com colegas e estudantes da EE Bonifácio Camargo Gomes
A experiência em Paranhos não foi inesquecível só para ela. Os estudantes também guardar ótimas lembranças da professora. “Não tenho palavras para expressar o quanto eu gosto da professora Lubas. Professora, amiga e mãezona, sempre preocupada, atenciosa, dedicada e carinhosa, tinha um ombro amigo e ouvidos atentos, sei que ainda hoje posso contar com ela para tudo. Sem sombra de dúvida ela é a melhor professora que já tive e vou carregá-la pra sempre na minha memória por onde quer que eu vá”, afirma a estudante Ligia Schwab.
Os estudantes contam que Ana Paula é daquelas professoras que conseguem prender a atenção da turma, carismática e mais preocupada com os outros do que com ela mesma. “Comecei a observar a Ana Paula não só como professora, mas como ser humano, vi que ela tinha uma luz interior inexplicável e, aos poucos, ela foi me conquistando, até que não tratávamos só de assuntos escolares, ela me aconselhava, me encaminhava para o caminho do bem e para o que é certo. Com o passar do tempo eu comecei a considera-la como uma mãe porque ela sempre cuidou de mim e me defendeu, como mães fazem mesmo”, lembra a estudante Katheleen Urague, também saudosa da professora. “Hoje, vivemos um pouco longe, pois como ela sempre dizia, eu iria seguir meu futuro um dia, e por mais que os anos passem, meu carinho ficará eternamente vivo”, afirma.
Casada, mãe de uma menina de 6 e outra e 1 ano, a professora aproveita o tempo livre para estar com as meninas.