A Bolsa Científica, fornecida pela CNPq, é resultado da participação na Mostra Nacional de Robótica.
Campo Grande (MS) – Um estudante da EE Carlos de Castro Brasil, extensão UNEI Pantanal, localizada no município de Corumbá, ganhou destaque nacional ao ser premiado com uma bolsa científica fornecida pela CNPq. A bolsa é resultado da participação na Mostra Nacional de Robótica, em que o jovem de 17 anos, cujo nome não pode ser divulgado por questões judiciais, apresentou o “Projeto robótica com adolescente em conflito com a lei/UNEI Pantanal”, concorrendo com estudantes do Brasil inteiro.
O projeto premiado foi orientado pela psicóloga Célia Regina de Souza, servidora da unidade de internação. Ela relata que, pelo fato do aluno já ter feito curso na área de eletrônica, percebeu que ele teria potencial para desenvolver projetos voltados para a robótica. Durante os atendimentos semanais, que a psicóloga realizava com o aluno, assistiram vídeos pelo Youtube e realizaram cursos para iniciantes na robótica. Percebendo o interesse do estudante, passaram a desenvolver o projeto, que consistiu na montagem de robôs utilizando materiais de reciclagem, como clipes, tampas plásticas, fios e arames.
“Nós temos adolescentes inteligentes, que precisam de oportunidade. Não é porque eles estão cumprindo uma internação que eles não podem ter a oportunidade de conhecer a área da ciência e tecnologia. Foi pensando nisso, que nós oferecemos essa introdução à robótica”, relatou a psicóloga Célia Regina.
A psicóloga buscou apoio da coordenadora pedagógica, Laura Canavarro de Abreu, responsável pelo acompanhamento na UNEI do Projeto Avanço do Jovem na Aprendizagem (AJA-MS), no qual o estudante realizava a etapa do Ensino Médio. A coordenadora envolveu os professores da escola, solicitando que os mesmos incentivassem o aluno durante as aulas, ampliando o conhecimento da parte teórica, necessários para o desenvolvimento da robótica.
“A parte escolar do conhecimento foi desenvolvida durante as aulas e acompanhamento com a coordenação pedagógica, onde a iniciamos a parte didática, conhecimentos prévios para chegar e desenvolver a parte prática, ressalto a importância dessa parceria entre a unidade e a escola. Entendo que a Educação que faz o futuro parecer um lugar de esperança e transformação para os adolescentes principalmente os que se encontram em medidas socioeducativas”, concluiu a coordenadora pedagógica Laura.
Entre as responsáveis pela iniciativa, esteve – também – a professora Priscila Moraes, que desenvolveu aulas nas disciplinas de Física, Química e Biologia sobre temáticas necessárias para que o estudante compreendesse os princípios da Eletrônica.
Atuação coletiva
Além da escola, a Coordenadoria Regional de Educação de Corumbá (CRE3) acompanhou todo o desenvolvimento do projeto, inclusive levando até a unidade de internação o professor da área de informática Marcel José Grassi, do Instituto de Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), do campus Corumbá, para oferecer uma oficina de robótica e conversar com o estudante sobre as possibilidades de continuidade de estudo na área.
“Não podemos fazer nada sozinhos, precisamos de parceiros que acreditam que a educação é um motor de transformação de vidas. O projeto do L. prova que quando trabalhamos juntos tudo é possível. A UNEI, a Escola Carlos de Castro Brasil e a CRE3 trabalharam como uma só equipe”, ressaltou a técnica pedagógica da CRE3, Evelyn Campos.
“Estamos muito orgulhosos do estudante ser aluno da Rede Estadual, e ainda do projeto AJA-MS. O projeto foi criado para atender alunos em defasagem idade-série, que por várias circunstâncias acabam se afastando da escola, ver o estudante ser premiado a nível nacional nos enche de esperança e motivação para continuar desenvolvendo um bom trabalho para nossos jovens”, concluiu Patricia Acioly, coordenadora Regional de Educação de Corumbá.
O estudante, que não está mais na unidade de internação, teve liberação concedida pelo juiz responsável. Com isso, ele voltou para a cidade de origem e permanece motivado em dar continuidade aos estudos na área de Engenharia Elétrica, contando com total apoio da família.
“Eu achava que não era capaz, o projeto mostrou que sou. Foi uma nova porta que se abriu e me deu motivação para querer mais. Despertou em mim a paixão pela robótica” relatou o estudante premiado.
Texto: Hugo Leonardo (Asscom/SED).