Durante a visita os estudantes participaram das atividades do projeto de leitura com acessibilidade intitulado “Ziraldo e do Menino Maluquinho”
Os profissionais do CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez ) e do CEADA (Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação) tiveram uma manhã cheia de alegria, inclusão e interação, ao receber a visita da EMEI Cordeirinho de Jesus para execução do Projeto de Leitura do Ziraldo e do Menino Maluquinho, proposto pela professora Elaine Eleutério.
O grupo que foi até os dois centros de educação especial foi composto pelos estudantes, com 4 anos de idade, em média, pela professora Elaine, pela intérprete de Libras que acompanha a turma, por duas estagiárias da UEMS, e pelo pai de uma das estudantes, que é surda.
Integração
A estudante surda é atendida pela equipe da surdocegueira do CEADA no contraturno, pois além de surdez, a mesma possui perda progressiva da visão e o centro executa um trabalho preventivo de orientação e mobilidade e de Libras Tátil com vistas a promoção da autonomia para o futuro da menina, por conta da especificidade e comprometimento na visão. Seus colegas de sala do EMEI também estão aprendendo Libras – Língua Brasileira de Sinais com a professora regente e a intérprete para poderem incluir a colega da melhor maneira possível.
As crianças ouvintes foram recebidas pela equipe do CAS e do CEADA, e se comunicaram, tanto em Libras, quanto em Português. É possível ver a acessibilidade acontecendo em cada detalhe: as garrafinhas e os uniformes têm o nome dos estudantes com as letras em português e as letras do alfabeto manual em Libras, além disso todos têm seu sinal próprio em Libras, que também estão estampados nas blusas.
Depois de um bate-papo e da integração de todos, os estudantes apresentaram uma música que tem tudo a ver com o tema do projeto: O Menino Maluquinho, de Milton Nascimento e Rita Lee. As crianças aprenderam a música em Libras para fazer a apresentação.
Os gerentes pedagógicos do CAS e do CEADA, respectivamente Daniela Silva da Costa e Bruno Ribeiro da Cruz, receberam presentes das crianças: camisetas personalizadas do projeto, com a imagem de toda a turminha, e atrás, o nome em português, o nome com as letras do alfabeto manual, e uma foto do seu sinal próprio em Libras.
A intérprete que acompanha a turma é mãe de um surdo e conta que é a primeira vez que atua como intérprete com crianças pequenas e que está sendo uma experiência incrível. Sempre trabalhando com jovens, nunca havia acompanhado uma turminha inteira de crianças que se dedica à Libras pela acessibilidade da colega. As estudantes da UEMS estão fazendo estágio e através do PIBID estão podendo ver na prática como é possível todas essas realizações em sala de aula.
O pai da estudante também estava presente na visita e contou que está fazendo o curso de Libras para poder se comunicar melhor com a filha: “Agradeço muito por tudo que vocês estão fazendo pela acessibilidade da minha princesa”.
A professora Elaine explica que o planejamento é feito pensado em todos os estudantes e não algo feito para a maioria e adequado para a minoria. É pensado em incluir a Libras, promover um ambiente efetivamente bilíngue para que a estudante se sinta confortável. Ela relata que os outros estudantes são os replicadores: levando a Libras para a casa, traduzindo recadinhos em Libras para o pais, e mostrando que a inclusão pode acontecer plenamente em todos os ambientes, principalmente na escola.
A visita proporcionou um reencontro depois de anos: a professora Elaine foi estudante do curso de Libras, na turma da professora surda Ariela Carloto, que trabalha hoje no CAS. A busca pelo curso de Libras foi pensando que um dia poderia ter um estudante com surdez e gostaria de estar preparada.
O passeio de hoje mostra como a educação bilíngue inclusiva promove a acessibilidade de verdade, e envolve toda a comunidade escolar, tornando um ambiente favorável para a educação e aprendizagem de crianças surdas, além de estimular as crianças ouvintes, desde pequenas, a terem empatia, reciprocidade, respeito pelas diferenças, e serem agentes da inclusão.
O Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez atende estudantes da REE que são surdos e usuários da Libras e, além de outras atribuições, também oferta Curso de Libras. O Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação atende estudantes da REE que são deficientes auditivos e usam a oralidade, e atende também pessoas com surdo-cegueira. Os dois centros são vinculados à COESP (Coordenadoria de Educação Especial), da SUPED (Superintendência de Políticas Educacionais).
Adersino Junior, SED
Fotos: A
rquivo CAS