O assessoramento é um marco no fortalecimento da educação inclusiva, especialmente no que se refere ao uso de estratégias e materiais adaptados para estudantes com deficiência visual.
Desde julho, professores da Escola Estadual Maria Leite, em Corumbá, realizaram trabalho pontual, em resposta específica a demanda, para capacitação de atendimento das necessidades dos estudantes, realizada pelo CAP-DV/MS (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual de Mato Grosso do Sul).
Ao longo de 14 encontros semanais, realizados de forma remota, o CAP-DV trabalhou diretamente com a professora de Apoio Especializado e a professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecendo orientações e personalizando materiais para atender às necessidades da estudante.
Um dos focos principais dos encontros síncronos, foi a adaptação de conteúdos ao sistema Braille, alinhado ao currículo escolar e o uso de materiais texturizados e específicos para promover um desenvolvimento na habilidade tátil.
Entre as estratégias adotadas, destacam-se a descrição pedagógica de imagens, a diagramação de sinais na folha A3 e o uso de ferramentas como o programa Braille Fácil, que facilitam a adaptação de textos em conformidade com as técnicas do sistema Braille, seguindo as configurações dos parâmetros da Grafia e Normas Técnicas desse sistema de escrita.
A impressão dos materiais em Braille está permitindo que a estudante possa realizar leituras e participar das aulas, sendo proposta a ela vivenciar diversas situações-problemas que estimulam seu desenvolvimento cognitivo.
O envolvimento dos professores das disciplinas foi igualmente essencial. Sob a orientação do CAP/DV e em colaboração com o PAE , eles desenvolveram atividades como seminários, nos quais todos os alunos, em grupos, confeccionaram maquetes em relevo tátil, permitindo que a estudante cega participasse e interagisse nos momentos das apresentações. Materiais como barbante, papelão e cola em relevo foram usados para criar diagramas e até um plano cartesiano em Braille.
“O impacto dessas ações já pode ser visto nos resultados: a estudante cega, com suas necessidades específicas atendidas, não só tem avançado no aprendizado, mas também participou de um projeto apresentado na FECIPAN, onde em conjunto com professores e gestores da EE Maria Leite, conquistaram quatro premiações”, salienta diretor Paulo Eduardo mendes Balejo.
Além disso, sua autonomia foi reforçada com o desenvolvimento de suas habilidades de leitura e marcação de respostas diretamente no material adaptado. Esse trabalho demonstra o poder da educação inclusiva e colaborativa, onde diferentes áreas de conhecimento se cruzam e são articuladas para garantir a autonomia e o conhecimento de todos os estudantes. O sucesso dessa iniciativa reflete a dedicação dos profissionais e o impacto positivo de que as adaptações pedagógicas podem ter na vida escolar de um estudante cego.
Adersino Junior, SED
Fotos: Arquivo escolar.