Campo Grande (MS) – “Agora ela está nota dez”. Assim, a manicure Rosemeire Brites define a Escola Estadual Professora Alice Nunes Zampiere, durante solenidade de entrega da reforma na unidade escolar, na manhã desta quarta-feira (31.8). A escola foi reformada por meio do Programa Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade, iniciativa realizada em parceria entre o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), a Secretaria de Estado de Educação (SED) e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), que utiliza mão de obra dos internos do Centro Penal Agrícola da Gameleira e que já revitalizou oito escolas estaduais da Capital.
Na escola, localizada no Jardim Panamá, em Campo Grande, trabalharam 25 internos que realizaram serviços de reforma, reparos elétricos e hidráulicos, pintura e jardinagem. Mais do que transformar a parte física de prédios, o programa restaura vidas, como a de Roberto Faiçal, eletricista de profissão, mas que foi preso ao furtar um veículo. “Eu tive o desprazer de cometer um crime que me custou um tempo de vida, mas com esse projeto eu tenho tido a oportunidade de me reestabelecer, fazendo o que sei de melhor, que é mexer com a parte elétrica”, afirmou Roberto.
O valor total investido na obra foi de R$ 360 mil. Deste custo, a SED arca com o salário dos internos e o transporte deles até a escola durante a execução do serviço. Já o valor do material, orçado em R$ 310 mil, foi pago pelos internos, a partir de dinheiro arrecadado do desconto de 10% do salário de todos eles. “Este projeto é um ato educacional porque mais do que reformar prédios, educa e profissionaliza os internos. Acredito na educação do País, que a educação nos liberta, nos forma e é a base de tudo”, destacou a secretária de Estado de Educação, Maria Cecilia Amendola da Motta.
O filho de Rosimeire, Éverson Brites, do 9º ano do ensino fundamental, conta que agora sente mais orgulho da escola onde está desde criança. “Esta reforma atende a um pedido antigo dos alunos, mas melhorou também para os professores, diretores, funcionários. As pessoas perguntam para mim como era a escola antigamente e quando eu explico, percebem que mudou bastante, incluindo a parte elétrica, hidráulica e banheiros”, explicou.
Para o professor de Sociologia e Filosofia Marcio Ferreira, a reforma vai além do quesito estético, favorecendo o aprendizado e o conhecimento do estudante. “Este ambiente convida a comunidade a vi para cá, todo mundo quer ficar num lugar bom e agradável”, ressaltou. “As pessoas que fizeram parte deste projeto cometeram um erro, mas elas podem sempre melhorar, os alunos puderam conhecer o outro lado de algumas histórias e perceberem que não é interessante este outro lado”, completou o professor.
A solenidade de inauguração foi acompanhada pelas seguintes autoridades: juiz Albino Coimbra Neto, idealizador do Programa; desembargador Julizar Barbosa Trindade, vice-presidente do TJMS; desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques, coordenador da Vara de Execução Penal; Aud Oliveira Chaves, diretor-presidente da Agepen; Adiel Rodrigues Barbosa, diretor da Gameleira; Rinaldo Modesto, deputado estadual; André Salinero, vereador; Zerder Escandolheira, diretor do Senai; e Regina Ferro, diretora do Sesc.
Além da EE Profª Alice Nunes Zampiere, o Programa já revitalizou, desde quando começou, em 2013, as escolas estaduais Delmira Ramos dos Santos, Brasilina Ferraz Mantero, Padre Mario Blandino, Flavina Maria da Silva, Padre José Scampini, José Ferreira Barbosa e Prof. Emygdio Campos Widal. A próxima escola atendida será a Aracy Eudociak, no bairro Tijuca.