Campo Grande (MS) – Começou nesta quarta-feira (19), em Campo Grade, a 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), no Memorial da Cultura e Cidadania Apolônio de Carvalho. O evento, que segue até sexta-feira (21), conta com a participação dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) da Secretaria de Estado de Educação (SED) na exposição dos projetos desenvolvidos nas escolas estaduais sobre o tema “Ciência Alimentando o Brasil”.
A SED, desde 2015, participa da SNCT por meio dos NTEs, alcançando assim um maior número de estudantes. “Com a entrada dos 12 Núcleos de Tecnologia da SED podemos desenvolver trabalhos científicos na maioria dos municípios. Nós começamos com 53 e hoje já estamos com 64 municípios e mais de 1800 atividades desenvolvidas nas escolas, nas universidades e no Instituto Federal e o maior número de trabalhos vem das escolas estaduais de Mato Grosso do Sul“, explica o coordenador de Tecnologia Educacional da SED, Paulo Cézar Rodrigues Santos.
Eventos como esse despertam a curiosidade dos estudantes e estimulam o desenvolvimento de trabalho de pesquisas, acredita Fagner Lucas Goes, do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Emygdio Campos Widal. “Pelo o que eu vi aqui hoje, os alimentos podem trazer pontos negativos e positivos para nosso corpo, interferindo na nossa saúde. Estamos vendo, na prática, algumas coisas que aprendemos em sala de aula e isso nos estimula a querer saber mais e mais”, explica o estudante sobre o tema escolhido para a edição 2016 da SNCT.
A SNTC é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e tem por objetivo aproximar a população da ciência e da tecnologia, realizando atividades de divulgação científica em todo o País, com linguagem acessível e por meios inovadores para estimular a curiosidade e motivar a população a discutir as implicações sociais da ciência e aprofundar seus conhecimentos sobre o tema escolhido.
Adubo Orgânico
De Três Lagoas veio o projeto da Escola Estadual Bom Jesus, sobre a implantação de uma horta para utilização dos alimentos produzidos na alimentação escolar, atividade que envolve estudantes do ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA). “Já colhemos alface, tomate, rúcula, temperos verdes como salsa e cebolinha e quiabo”, destaca a professora multiplicadora do NTE de Três Lagoas, responsável pelo projeto, Neuraci Vasconcelos.
Além de reforçar a alimentação, a horta contribui para a diminuição do volume do lixo orgânico produzido pela escola, por meio de um sistema de compostagem com minhocas californianas, resultando em um adubo que melhora a estrutura do solo e absorção dos nutrientes pelas raízes das plantas, propiciando a produção de alimentos mais saudáveis. “O chorume, líquido resultante deste processo, também é aproveitado na rega das plantas”, diz a professora.
Óleos Essenciais
As estudantes Maria Dolores Lobato e Rita Gabriele Barbosa, do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Antonio Coelho, de Nova Alvorada, apresentaram no espaço do NTE Regional o trabalho sobre um produto natural obtido por meio de extrato e óleos essenciais de plantas para o controle da mosca-da-vinhaça, que causa transtorno aos produtores ao atacar o rebanho bovino. “Por meio de uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), as meninas receberam uma bolsa da Fundect, do Programa Pbic Junior e a Maria Dolores logo sugeriu o trabalho sobre a mosca. Elas não conheciam nada sobre o tema, mas de cara começaram a pesquisar”, explicou o professor gerenciador de Tecnologias e Recursos Midiáticos da escola, Adam Felipe da Silva Souza.
A vinhaça, que é utilizada como adubo no cultivo da cana-de-açúcar, atrai as moscas, e as fazendas de gado nas proximidades das plantações têm seu rebanho atacado por estes insetos hematófagos, que deixam os animais debilitados, o que causa prejuízo aos pecuaristas. “A grande concentração de moscas é muito prejudicial, pois, a picada é dolorida e causa feridas no gado. Assim, a carne não serve, a produção de leite cai e, para se proteger, o rebanho se aglomera, o que pode provocar acidentes e outras doenças”, afirmou o professor.
As estudantes perceberam a necessidade de se obter um produto natural, a partir de plantas como a citronela, o cravo e a pimenta para combater a mosca em seus diferentes estágios de crescimento e desenvolveram um produto que está em fase inicial de testes práticos. “A partir de um comentário de um professor sobre a mosca-da-vinhaça eu me interessei e me envolvi neste trabalho de pesquisa. Eu tinha muita dúvida de qual faculdade cursar e agora estou decidida a fazer Química ou Biologia para concluir a pesquisa e achar o resultado deste projeto”, finalizou Maria Dolores.